
Viver sozinho: a nova face dos lares brasileiros. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2023 revela um crescimento significativo no número de pessoas que moram sozinhas no Brasil. Em 2012, apenas 12,2% dos lares eram unipessoais, mas esse número subiu para 18% em 2023. Isso significa que quase um em cada cinco lares é ocupado por uma única pessoa, indicando uma mudança nas dinâmicas familiares e habitacionais no país.
Além disso, os lares ocupados por famílias tradicionais estão em declínio. A proporção de domicílios nucleares, formados por casais com ou sem filhos, caiu de 68,3% em 2012 para 65,9% em 2023. Essa redução também se reflete nas unidades monoparentais e estendidas, que passaram de 17,9% para 14,8% e de 1,6% para 1,3%, respectivamente. Esses dados mostram que novas configurações familiares estão se estabelecendo, muitas vezes em resposta a mudanças sociais e econômicas.
Em relação à distribuição regional, Sudeste e Centro-Oeste apresentam a maior proporção de domicílios unipessoais, com 18,9% cada. Em contraste, o Norte tem a menor taxa, com apenas 13,9%. Além disso, as regiões Norte e Nordeste registram as maiores proporções de domicílios estendidos, com 21,4% e 16,6%, respectivamente. Essas diferenças regionais evidenciam a diversidade nas estruturas familiares em todo o país.
Viver sozinho: Mapa da solidão no Brasil
O perfil dos moradores também apresenta características interessantes. Em 2023, 54,9% das pessoas que moram sozinhas eram homens, enquanto 45,1% eram mulheres. Com relação à faixa etária, 12,1% tinham entre 15 e 29 anos, 47% estavam na faixa de 30 a 59 anos, e 40,9% tinham 60 anos ou mais. Importante notar que a maioria dos homens em lares unipessoais está na faixa de 30 a 59 anos (56,4%), enquanto a maioria das mulheres (55%) tem 60 anos ou mais. Isso sugere que os homens podem estar se divorciando e optando por viver sozinhos, enquanto as mulheres frequentemente são viúvas ou permanecem em lares nucleares até que os filhos saiam de casa.
Além disso, a pesquisa aponta para tendências preocupantes nas condições de habitação. Em 2023, o Brasil registrou 77,7 milhões de domicílios, sendo 84,6% casas e 15,2% apartamentos. No entanto, entre 2016 e 2023, a proporção de domicílios próprios já pagos caiu de 66,7% para 62,3%, enquanto os alugados aumentaram de 18,5% para 22,4%. Esse aumento nos aluguéis(IBGE) indica uma fragilidade na capacidade da população de adquirir imóveis, refletindo possivelmente uma falta de planejamento público para facilitar a compra de moradias.
Em suma, as mudanças nas configurações familiares e as condições de habitação no Brasil merecem atenção. O crescimento dos lares unipessoais e o aumento dos aluguéis sinalizam a necessidade de estratégias que garantam moradia digna e acessível para todos.
Fonte: EBC