A Shopee, uma das plataformas de e-commerce atuantes no Brasil, tem sido motivo de severas críticas relacionadas a problemas de entrega, que se tornaram recorrentes e prejudiciais aos consumidores. As reclamações apontam que a empresa altera frequentemente a data limite de entrega sem aviso, prolongando indefinidamente a expectativa de recebimento dos produtos. Essa prática impede que os clientes iniciem processos de cancelamento e solicitem reembolsos, já que, segundo a política da empresa, tais ações só são possíveis quando a entrega é oficialmente registrada como falha.
Reclamações recebidas pelo Procon dos estados mostram que muitos consumidores aguardam semanas ou até meses sem obter qualquer resposta concreta. Tal gravidade levou o Procon de Minas Gerais a aplicar uma multa de R$ 7,4 milhões contra a Shopee por descumprimento de oferta e falhas constantes no cumprimento de prazos. A entidade considerou que a prática infringe o Código de Defesa do Consumidor, que exige que as empresas respeitem as condições anunciadas no momento da compra, incluindo prazos de entrega.
Outro ponto crítico é a dificuldade dos consumidores em rastrear os pedidos ou obter respostas satisfatórias do suporte ao cliente. Muitos alegam que, ao buscar informações, encontram obstáculos como a falta de clareza sobre a real localização da compra e respostas padronizadas que não solucionam os problemas. Em alguns casos, há relatos de pedidos marcados como “entregues” sem que o cliente tenha recebido o produto. Em outros casos, a empresa registra que tentou efetuar a entrega, o que seria verdade, apenas como motivo de protelação.
O aumento expressivo de reclamações também chamou a atenção do Procon de São Paulo, que identificou um padrão de negligência no atendimento ao consumidor e problemas de pós-venda, incluindo atrasos e produtos não entregues. O órgão está monitorando de perto a atuação da empresa e também poderá impor sanções a Shopee caso a situação não melhore.
Diante desse cenário, os consumidores são aconselhados a registrar suas reclamações junto aos Procons estaduais, e em plataformas de proteção ao consumidor, para pressionar a empresa a resolver os casos pendentes.
Expansão descontrolada da Shopee no Brasil
A Shopee é uma plataforma de e-commerce fundada em 2015, parte do conglomerado Sea Limited, com sede em Singapura. Criada por Forrest Li, o singapurense também é responsável pela Garena, famosa pela publicação de jogos como o Free Fire. Inicialmente, a Shopee operava como uma plataforma voltada ao modelo C2C (cliente para cliente), mas ao longo do tempo, expandiu suas atividades para o formato híbrido C2C e B2C (business to consumer), permitindo tanto a atuação de pequenos vendedores quanto de grandes marcas. O foco da empresa sempre foi oferecer produtos a preços competitivos, aliados a promoções como frete grátis e cupons de desconto.
A chegada ao Brasil ocorreu em 2019, marcando a entrada da Shopee em um dos maiores mercados de comércio eletrônico da América Latina. Desde então, a empresa tem buscado expandir sua presença no país, usando de campanhas publicitárias agressivas, parcerias com influenciadores digitais e uma ampla oferta de categorias de produtos, que vão desde eletrônicos e moda até itens de decoração e cuidados pessoais. Em poucos anos, tornou-se uma das principais plataformas de e-commerce no Brasil, competindo diretamente com gigantes como Mercado Livre e Amazon.
No Brasil, a Shopee se destacou por adotar estratégias como a subsidiar o frete e garantir aos compradores maior segurança em transações, retendo os pagamentos até que os produtos fossem entregues ou o problema fosse resolvido. Contudo, a plataforma tem enfrentado críticas em relação à logística e aos prazos de entrega, que frequentemente são prorrogados sem justificativa clara, prejudicando a experiência do consumidor.