O que está por trás dos incêndios florestais no Pantanal?

O que está por trás dos incêndios florestais no Pantanal?

Os incêndios florestais vêm aumentando no Brasil, devastando extensas áreas do Pantanal e Cerrado nos últimos anos.

Esse aumento das queimadas no Pantanal está associado a uma combinação de fatores. As condições climáticas adversas, como a estiagem prolongada e as altas temperaturas, criam um cenário propício para a propagação de incêndios florestais.

Além disso, o lobby do agronegócio tem pressionado por um enfraquecimento das políticas ambientais. Isso vem facilitando o desmatamento ilegal e o avanço da fronteira agrícola sobre áreas protegidas. Com políticas ambientais mais frágeis, os mecanismos de fiscalização, monitoramento e combate aos focos de incêndio têm se mostrado menos eficazes, permitindo que as queimadas se alastrem.

Últimas duas décadas

Nas últimas duas décadas, 45% do Pantanal e 34% do Cerrado, pegaram fogo pelo menos uma vez. Um estudo publicado na Frontiers in Forests and Global Change analisou as causas desses incêndios nos biomas brasileiros, quantificando a influência de fatores como clima, uso da terra, desmatamento e vegetação seca (combustível para o fogo).

Conforme as evidências, o desmatamento para a produção agropecuária e o uso do fogo para a rebrota de pastos são as principais causas diretas dos incêndios. Esses incêndios se iniciam em propriedades privadas e depois se espalham para as áreas de vegetação nativa protegidas, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

No caso do Pantanal, embora a vegetação seca influencie a propagação do fogo, os principais fatores são o uso da terra (incluindo pecuária), o desmatamento e as condições climáticas, que evidenciam 80% da ocorrência de grandes incêndios.

Como resultado, permitir o pastoreio em reservas legais não irá reduzir os grandes incêndios, mas sim degradar ecossistemas frágeis. Além disso, contrariando especulações anteriores, a presença de gado está estatisticamente associada aos grandes incêndios no Pantanal e Cerrado, desconstruindo a ideia do “boi bombeiro”.

Portanto, combater o desmatamento, o uso do fogo para renovação de pastagens e a expansão desenfreada da pecuária são elementos-chave para reduzir a ocorrência de incêndios florestais em larga escala nesses biomas brasileiros.

Aumento dos Incêndios no Pantanal em 2024

No Pantanal, nos primeiros 5 meses de 2024, as queimadas somaram 332 mil hectares, um aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020.

Entre janeiro e abril de 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou um aumento significativo das áreas queimadas no Pantanal em comparação à média dos últimos 21 anos — um aumento de 173%.

Conforme o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ, a extensão queimada é 54% maior do que a afetada pelas chamas no mesmo período de 2020 e pode ultrapassar dois milhões de hectares até o final de 2024.

Qualidade do ar no Brasil

A qualidade do ar no Brasil tem sido prejudicada pelas recorrentes queimadas no Pantanal, um grave problema ambiental que afeta diversas regiões do país.

Como resultado, a fumaça e os poluentes liberados são transportados pelos ventos, afetando a qualidade do ar em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

Estudos mostram que os níveis de material particulado (PM2.5 e PM10) e gases poluentes ficam acima dos limites recomendados durante os períodos de queimadas intensas. Essa poluição do ar prejudica a saúde da população, podendo causar problemas respiratórios, cardiovasculares e até cânceres.

Fonte: UFMG e UFRJ

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