Índices de qualidade do ar nas últimas semanas preocupam a todos no Brasil, diante ao quadro sistêmico de fumaças provenientes de queimadas por todo país.
São Paulo, cidade que concentra a maior população entre as cidades brasileiras, revela índices de qualidade do ar muito superiores aos comparados no mesmo período no ano de 2023. Abaixo, alguns desses índices, com seus históricos de máximas diárias nos meses de agosto e de setembro, até o dia 10.
O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor e inodoro que se forma principalmente durante a combustão incompleta de combustíveis fósseis, como gasolina, carvão e madeira. Esse poluente atmosférico é uma preocupação significativa para a saúde pública. Ele pode ocasionar efeitos adversos graves nas pessoas expostas.
Quando inalado, o monóxido de carbono se liga à hemoglobina no sangue, formando carboxiemoglobina. Isso diminui a capacidade do sangue de transportar oxigênio, levando a sintomas como dor de cabeça, fadiga, tontura e confusão mental. A intoxicação por monóxido de carbono pode ocorrer rapidamente e, em casos de exposição intensa, pode resultar em danos graves, como desmaios, complicações cardiovasculares e, em situações extremas, até mesmo morte.
Além disso, certos grupos são mais vulneráveis aos efeitos do CO. Crianças, idosos e indivíduos com condições de saúde pré-existentes, como doenças cardíacas ou respiratórias, estão em maior risco. A exposição a níveis elevados de monóxido de carbono pode agravar essas condições e levar a complicações adicionais.
As principais fontes de monóxido de carbono incluem veículos, especialmente em áreas urbanas, onde a emissão desses automóveis é significativa. Equipamentos a gás, como aquecedores e fogões, também podem liberar CO se não houver ventilação adequada. Incêndios, sejam florestais ou urbanos, contribuem ainda mais para a presença desse gás no ar.
O material particulado, em especial o MP10, é uma fração de partículas com diâmetro menor ou igual a 10 micrômetros. Essas partículas podem ser inaladas e penetram nas vias respiratórias, causando uma série de problemas de saúde. O MP10 é composto por uma mistura de substâncias, incluindo poeira, fuligem, metais pesados e outros poluentes provenientes de diversas fontes, como veículos, indústrias e queimadas.
A exposição ao MP10 está associada a problemas respiratórios e cardiovasculares. Pessoas com doenças crônicas, como asma e bronquite, podem enfrentar um agravamento de seus sintomas quando expostas a altos níveis desse material. Além disso, o MP10 pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta, além de contribuir para a piora da qualidade do ar, afetando a saúde pública de maneira geral.
Um fator que pode intensificar a presença de MP10 no ambiente é a ocorrência de queimadas. Durante esses eventos, a queima de vegetação libera grandes quantidades de partículas finas e outros poluentes na atmosfera. Em regiões onde as queimadas são frequentes, como em períodos de seca, os índices de MP10 podem aumentar significativamente, levando a um maior risco de saúde para a população. Esses episódios podem resultar em crises de poluição, que afetam tanto a qualidade do ar quanto a saúde das pessoas, especialmente das mais vulneráveis.
Além das queimadas, outras atividades humanas, como a construção civil e o tráfego intenso de veículos, também contribuem para a elevação dos níveis de MP10. Diante desse cenário, é essencial monitorar a qualidade do ar e adotar medidas para reduzir a emissão de poluentes. A conscientização da população sobre os riscos associados ao material particulado e a implementação de políticas públicas de controle de poluição são fundamentais para proteger a saúde coletiva e mitigar os impactos negativos do MP10.
O material particulado conhecido como MP2.5 refere-se a partículas com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros. Devido ao seu tamanho reduzido, essas partículas podem penetrar profundamente nos pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea, causando uma série de problemas de saúde significativos. O MP2.5 é originado de diversas fontes, incluindo emissões de veículos, indústrias, queimas de biomassa e até mesmo processos naturais, como erupções vulcânicas e poeira do solo.
A exposição ao MP2.5 está fortemente associada a uma variedade de problemas de saúde, especialmente respiratórios e cardiovasculares. Estudos demonstram que a inalação dessas partículas pode agravar condições como asma, bronquite e outras doenças pulmonares. Além disso, a exposição prolongada ao MP2.5 tem sido relacionada a um aumento na mortalidade por doenças cardíacas e derrames, evidenciando a gravidade dos riscos à saúde.
Um fator que pode exacerbar os níveis de MP2.5 no ar é a ocorrência de queimadas, que liberam grandes quantidades de material particulado durante o processo de combustão. Durante períodos de seca, quando as queimadas são mais frequentes, os índices de MP2.5 podem aumentar consideravelmente, resultando em crises de poluição atmosférica. Nesses momentos, a qualidade do ar se deteriora, aumentando o risco de problemas de saúde, especialmente para grupos vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes.
Além das queimadas, o MP2.5 também pode ser gerado por atividades urbanas, como o tráfego intenso de veículos e a queima de combustíveis fósseis em indústrias. Diante desse cenário, é fundamental monitorar a qualidade do ar e implementar políticas públicas eficazes para reduzir a emissão de poluentes. A conscientização da população sobre os riscos associados ao material particulado e a adoção de medidas de prevenção são essenciais para proteger a saúde pública e mitigar os impactos negativos do MP2.5.
Índices de qualidade do ar combinados
A presença simultânea de altos níveis de monóxido de carbono (CO), material particulado MP10 e MP2.5 no ar gera um risco significativo à saúde pública, exacerbando problemas respiratórios e cardiovasculares. Quando esses poluentes estão elevados, os efeitos adversos se potencializam, resultando em crises de saúde mais severas, especialmente para grupos vulneráveis.
Além do CO e do material particulado, outros poluentes, como o dióxido de carbono (CO2) e o dióxido de enxofre (SO2), também devem ser monitorados. O CO2, embora não seja tóxico em concentrações comuns, contribui para as mudanças climáticas e pode afetar a qualidade do ar de maneira indireta. O SO2, por sua vez, é um irritante respiratório que pode agravar condições como asma e bronquite.
Quando múltiplos poluentes estão em níveis elevados, a carga sobre o sistema respiratório e cardiovascular aumenta, resultando em maior incidência de internações hospitalares e até mortalidade. Portanto, a vigilância constante da qualidade do ar e a implementação de políticas de controle de poluição são cruciais para proteger a saúde pública e mitigar os impactos negativos desses poluentes.
Na estação de medição de poluentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) consultada por essa matéria não haviam dados disponíveis a respeito do monitoramento de SO2 e CO2, apesar de ambos os poluentes afetarem os índices de qualidade do ar.