Megaoperação mira esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis

0
36
GASOLINA

Megaoperação mira esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis. Uma grande ação policial, batizada de Operação Carbono Oculto, foi lançada contra um elaborado esquema bilionário no setor de combustíveis, vinculado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Coordenada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), a operação envolveu aproximadamente 1.400 agentes e abrangeu oito estados brasileiros: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Detalhes do Esquema

A investigação revelou um complexo esquema criminoso, que inclui crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, adulteração de combustíveis, crimes contra a ordem econômica, crimes ambientais e estelionato. Os dados indicam que o grupo movimentou bilhões de reais, com destaque para a impressionante cifra de R$ 7,6 bilhões em tributos sonegados. As irregularidades foram detectadas em várias etapas da cadeia de produção e distribuição de combustíveis, envolvendo:

  • Importação irregular de metanol: O produto, que entrava pelo Porto de Paranaguá (PR), não seguia para os destinatários indicados nas notas fiscais, sugerindo desvios significativos.
  • Uso de fintechs: O grupo utilizava instituições de pagamento controladas pelo crime organizado para dificultar o rastreamento dos recursos, operando com contabilidade paralela para ocultar os beneficiários finais.
  • Infiltração na economia formal: O PCC estabeleceu parcerias com uma rede de organizações criminosas, garantindo lucros ilícitos no setor de combustíveis e no sistema financeiro.

Escala da Operação

A força-tarefa contou com a colaboração de diversos órgãos, incluindo o Ministério Público Federal, a Polícia Federal, as Polícias Civil e Militar, a Receita Federal, a Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), por meio do GAERFIS (Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal). Mais de 350 alvos, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, foram alvo de mandados de busca, apreensão e prisão.

Impacto e Medidas

Além das ações de natureza criminal, o CIRA/SP (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos) planeja o bloqueio de bens para recuperar os valores sonegados, estimados em R$ 7,6 bilhões. A operação expôs a sofisticação do PCC em se infiltrar em setores econômicos críticos. De acordo com investigações, o setor de combustíveis já é mais lucrativo para a facção do que o tráfico de drogas, com lucros anuais estimados em R$ 61,5 bilhões, conforme relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Contexto

O avanço do PCC no setor de combustíveis não é uma novidade. Desde 2017, a Fecombustíveis estimava que a facção controlava cerca de 150 postos em São Paulo, número que pode ter saltado para 1.100 em 2025, entre os quase 9.000 postos no estado. A operação Carbono Oculto reforça a urgência de uma fiscalização e regulação mais rigorosas, especialmente pela ANP, que enfrenta limitações de recursos. Além disso, a ação destaca a colaboração entre agentes do Estado e criminosos, com casos de servidores presos por vazamento de informações.

Esta megaoperação representa um esforço significativo para desmantelar a rede criminosa do PCC, que utiliza o setor de combustíveis para lavar dinheiro e expandir sua influência, impactando diretamente a economia e a segurança pública.

Deixe uma resposta