Zoológico de São Paulo entre os ingressos mais caros do mundo

O zoológico de São Paulo é uma concessão pública, iniciada em 2019 e que deverá durar por 35 anos, até 2054. A completar 5 anos de concessão, a principal crítica do público interessado em visitar o local é seu valor de ingresso.

Valor do ingresso assusta

Visitar um zoológico é uma das atividades mais populares entre famílias e amantes da natureza, oferecendo uma oportunidade única para ver de perto animais selvagens que, de outra forma, poderiam ser encontrados apenas em documentários ou em locais remotos do planeta. Os zoológicos, além de seu papel recreativo, desempenham funções educacionais e de preservação de espécies ameaçadas de extinção, ajudando a conscientizar o público sobre a importância da biodiversidade e da conservação ambiental. No entanto, nos últimos anos, a experiência de visitar esses espaços tem se tornado cada vez mais inacessível para muitas pessoas, devido ao aumento considerável no valor dos ingressos.

Zoológico de São Paulo está entre os mais caros

Em diversas partes do mundo, o preço dos ingressos para zoológicos cresceu de forma acentuada, refletindo o aumento nos custos de manutenção, alimentação dos animais, renovação das infraestruturas e projetos de conservação. Cidades como Nova York, Londres, Sydney e São Paulo, onde alguns dos zoológicos mais famosos do mundo estão localizados, têm registrado preços que podem chegar facilmente a casa dos 30 dólares por pessoa. Em países com moedas desvalorizadas, o impacto pode ser ainda mais severo, tornando o ingresso em um zoológico uma atividade de luxo para muitas famílias.

O Zoológico de Londres, por exemplo, que abriga mais de 750 espécies de animais, tem ingressos que podem chegar a 35 libras esterlinas (cerca de 40 dólares). Para uma família de quatro pessoas, o custo pode ultrapassar 150 dólares, sem contar despesas adicionais como alimentação e transporte. Já no Central Park Zoo, em Nova York, o ingresso para um adulto custa cerca de 22 dólares, um valor significativo, já que o zoológico é pequeno e conta com poucas atrações.

Além disso, os zoológicos modernos têm investido fortemente na melhoria das condições de vida dos animais, o que também eleva os custos operacionais. O cuidado com a saúde, a alimentação adequada e a construção de ambientes que simulam o habitat natural das espécies são medidas essenciais, mas dispendiosas. Programas de reprodução de espécies ameaçadas e a participação em redes internacionais de conservação também exigem investimentos consideráveis, os quais acabam sendo repassados ao consumidor final na forma de ingressos mais caros.

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o aumento no preço dos ingressos é ainda mais perceptível. O Zoológico de São Paulo, o maior do país, tem ingresso de R$ 79,90 por pessoa. Há regras para meia entrada, que inclui crianças menores de 14 anos (13 anos, 11 meses e 30 dias, conforme o site do parque). Mesmo com meia entrada, uma família com duas crianças menores não irá gastar menos do que R$ 300,00 somado o estacionamento (R$ 50,00 para automóveis) e algum consumo mínimo no local.

Esses valores tornam a visita ao zoológico um programa inviável para muitas famílias brasileiras, especialmente aquelas que vivem com salários mais baixos. Entretanto, esse cenário não ocorre em outras capitais do país, como se pode comparar pela tabela a seguir.

Essa outra tabela traz os preços de alguns dos principais zoológicos pelo mundo.

Antes de ser concedido à iniciativa privada, o Zoológico de São Paulo possuia valor de ingresso bem inferior. Resta saber se há alguma diferencial qualitativa que justificaria a cobrança atual.

Outros gastos pesam ainda mais no orçamento

Além dos preços dos ingressos, outra questão que impacta a acessibilidade dos zoológicos é o custo dos serviços dentro desses espaços. Refeições, lembranças e estacionamento também têm preços elevados, aumentando ainda mais o valor total da experiência.

O aumento nos preços dos ingressos também tem causado discussões sobre o papel dos zoológicos na sociedade moderna. Enquanto alguns argumentam que essas instituições são essenciais para a educação ambiental e a preservação das espécies, outros questionam se os zoológicos estão se tornando espaços elitizados, acessíveis apenas para uma pequena parcela da população. Para contornar essa questão, muitos zoológicos têm implementado iniciativas de acessibilidade, como dias de ingresso gratuito ou descontos para moradores locais e famílias de baixa renda. No entanto, essas iniciativas, embora bem-intencionadas, nem sempre são suficientes para compensar o aumento nos preços em outras datas.

Afastado de sua função essencial

Diante desse cenário, é cada vez mais urgente que os zoológicos e as autoridades locais busquem formas de tornar esses espaços mais acessíveis. Em algumas cidades, há discussões sobre a criação de subsídios governamentais para cobrir parte dos custos operacionais dos zoológicos, permitindo a redução dos preços dos ingressos para o público em geral. Outra solução seria o aumento das parcerias com o setor privado, buscando patrocínios que ajudem a financiar os programas de conservação sem repassar o ônus para os visitantes.

A experiência de visitar um zoológico pode ser transformadora, especialmente para as crianças, que muitas vezes têm sua primeira oportunidade de ver um leão, um elefante ou um urso em cativeiro. No entanto, se os preços continuarem subindo, corre-se o risco de que essa experiência se torne inacessível para uma parte significativa da população, restringindo o conhecimento e a conscientização sobre a preservação ambiental a um grupo cada vez mais seleto.

Em última análise, os zoológicos desempenham um papel vital na educação e na conservação, mas o desafio de tornar esses espaços acessíveis a todos é uma questão que precisa ser enfrentada. Se o ingresso no zoológico continuar a subir, corremos o risco de ver uma queda na visitação, o que poderia prejudicar não apenas as finanças dessas instituições, mas também os importantes programas de preservação e educação que elas oferecem. Encontrar o equilíbrio entre manter os altos padrões de cuidado e garantir que as famílias possam continuar a desfrutar desses espaços será crucial para o futuro dos zoológicos ao redor do mundo.