Trigo em abundância na China e como isso pode afetar o Brasil

AGRONEGÓCIO

O trigo protagoniza um cenário de abundância no mercado interno chinês. Assim, o país optou por adiar a chegada de até 600 mil toneladas de trigo, sobretudo de origem australiana. Isso faz parte de uma estratégia para conter a queda dos preços locais. A decisão, diante da ampla oferta decorrente de colheitas favoráveis de trigo e milho, reflete uma postura cautelosa do maior comprador mundial deste cereal. Essa manobra, anunciada por fontes comerciais e veiculada por importantes veículos de comunicação, vem reconfigurar a dinâmica do mercado global. Isso afeta inclusive as perspectivas de preços de referência, que se mantêm abaixo de US$ 6 por bushel. Essa medida de capacidade para mercadorias sólidas e secas (especialmente grãos e farinhas), utilizada nos países anglo-saxões, equivale a 25,401 quilos.

Em meio a esse movimento, o país asiático tem direcionado parte das cargas adiadas para outros compradores na Ásia. Direcionado sobretudo para o Sudeste, a medida indica a busca por maior flexibilidade nas negociações e um realinhamento das expectativas de consumo. A postergação da entrada de novos volumes deve se manter até abril. Desse modo, a China demonstra que o equilíbrio entre oferta e demanda interno é prioridade para estabilizar os preços e proteger os produtores locais. Ademais, essa estratégia impacta os mercados internacionais. A redução na demanda por trigo chinês tende a pressionar os preços globais para patamares mais baixos.

Queda nos preços e como afeta o Brasil

Para o Brasil, essa movimentação assume contornos relevantes. Historicamente, o país tem sido sensível às oscilações do mercado internacional de grãos. Isso ocorre tanto para importação quanto para a formação dos preços internos que afetam setores como o de panificação e moagem. Caso a queda nos preços globais se consolide, os importadores brasileiros poderão se beneficiar de custos reduzidos na aquisição do trigo. Ou seja, por sua vez, isso pode repercutir em menores preços ao consumidor final. Contudo, a volatilidade do cenário, agravada por fatores externos e pela incerteza quanto à real demanda global, impõe cautela aos agentes econômicos. Isso recomenda monitorar de perto os desdobramentos dessa estratégia chinesa.

A China responde por cerca de 6% das importações globais de trigo, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA. Isso reforça o papel da China como termômetro do mercado mundial. O adiamento das entregas diante de uma oferta excessiva e o redirecionamento das cargas para outros mercados pode intensificar a concorrência. Isso acaba influenciando não apenas os preços internacionais, mas também a dinâmica de oferta e demanda no Brasil. Diante desse cenário, o setor agroindustrial brasileiro permanece atento. Ou seja, a conjuntura global pode tanto representar uma oportunidade de redução de custos quanto impor desafios à estabilidade dos preços do trigo no mercado interno.

Deixe uma resposta