Tok&Stok deve R$ 600 milhões e sofre pedido de despejo
Tok&Stok (Estok Comércio e Representações S.A.) pegou carona com os recentes escândalos da Americanas e da Marisa.
A empresa figura nos noticiários diante sua crise financeira. O pedido de despeso que enfrenta de um galpão logístico locado em Extrema, Minas Gerais, foi o estopim.
Por não ter pago o aluguel do mês de janeiro, vencido em fevereiro, a primeira opção do locador foi entrar com o pedido de despejo.
Outro medida, menos desgastante, poderia ter sido tomada. A empresa poderia acionar o seguro fiança, entretanto, não foi essa sua medida de imediato.
Resta assim à Tok&Stok pagar o aluguel atrasado, arcando com a multa e juros contratuais. Por outro lado, poderá perder o contrato de locação e terá que desocupar o galpão.
Endividamento
Sendo outra vítima do método radical de combate ao covid-19 que se arrastou por quase três anos, fazendo com que empresas e comércio simplesmente fechassem as portas, a Tok&Stok acumula uma dívida de R$ 600 milhões.
A empresa é uma Sociedade Anônima (S.A.) de capital fechado, ou seja, as ações não são comercializadas em bolsa.
Assim, uma medida seria os acionistas serem chamados para aportar capital na empresa.
Histórico
Os acionistas da Tok&Stok são fundos representados pela TCG Gestor Ltda., filiada a gestora Carlyle Group, e a família francesa Dubrule.
A família é fundadora da empresa varejista de móveis e decoração, que iniciou em 1978.
Seu conceito inovador, que prevalece até hoje, logo fez com que se tornasse famosa, o que contribuiu para seu crescimento.
Por um longo período não teve concorrência que a intimidasse.
Entretanto, na última década, sua soberania começou a ser abalada. A começar em 2004 quando a família Kaufman, a mesma dona da varejista de joias Vivara, fundou a empresa Etna.
De conceito de negócio similar, porém, com lojas no estilo megastores, vinha se arrastando desde 2015, quando em 2022, encerrou as atividades.
Porém, antes da Etna surgir, a Tok&Stok já planejava sua expansão.
Assim, em setembro de 2012 o Grupo Carlyle adquiriu 60% da Tok&Stok numa transação de aproximadamente R$ 700 milhões.
Espalhada pelo Brasil, possui lojas em 21 Estados e no Distrito Federal, tendo no Estado de São Paulo o maior número de lojas.
Ao todo, conta atualmente com 67 lojas no país.
Novos mercados
MadeiraMadeira e Mobly são seus mais novos concorrentes.
Entretanto, ambas trilharam primeiro o caminho das vendas online para, posteriormente, abrirem lojas físicas.
A fórmula parece ter dado resultado. Assim, o modelo de loja física já herdou um DNA de tecnologia, com ferramentas de inteligência de dados para impulsionar as vendas, por exemplo.
Ambas estão capitalizadas, sendo que a Mobly teve sua IPO (abertura da empresa no mercado de ações) em 2021, ocasião em que levantou R$ 812 milhões.
Entretanto a rentabilidade de sua ações (MBLY3) não tem caminhado muito bem.
Apesar de positivo em 2023, quando acumulou rendimento de 11,86% no último pregão de 17/02, desde seu lançamento as ações desvalorizaram -87,50%.
Desempenho
Antes mesmo de ter vendido o controle acionário para o Grupo Carlyle, os fundadores pensaram em uma IPO para captar recursos.
O processo da sua IPO foi registrado em outubro de 2020, sob número RJ/2020-04833. Entretanto, esse não seguiu adiante.
Em 2020, seu desempenho divulgado pelo balanço acusou Lucro Líquido (LL) -7% (prejuízo). A receita líquida foi -21% menor que 2019, fechando em R$ 944 milhões.
Abaixo, evolução de alguns dos principais indicadores:
A publicação de 2022, com o balanço de 2021, não se encontra no Diário Oficial.