Queima da cana-de-açúcar: prática prejudicial que favorece produtores.
Apesar dos impactos ambientais, a eliminação prévia da palha da cana facilita a colheita e reduz custos, tornando-se atraente para alguns produtores.
Benefícios financeiros da queima da cana-de-açúcar
Em meio às crescentes preocupações ambientais, a prática da queima da cana-de-açúcar antes da colheita ainda se mantém em uso por alguns produtores, principalmente devido aos benefícios financeiros que essa abordagem pode trazer.
De acordo com especialistas, a eliminação prévia da palha e folhas da cana facilita significativamente o trabalho manual dos cortadores, aumentando a produtividade do corte e reduzindo os custos com mão de obra. Além disso, a queima remove impurezas da matéria-prima, evitando problema durante o processamento industrial.
“A queima da cana ajuda a entregar uma matéria-prima mais limpa para as usinas, evitando entupimento e melhora a eficiência do processamento”, explica o engenheiro-agrônomo José Silva, consultor do setor sucroalcooleiro.
Estudos também sugerem que a queima pode resultar em um leve aumento no teor de sacarose (açúcar) nos colmos, devido à redução de impurezas e ao estresse hídrico causado pelo fogo. Isso, por sua vez, pode elevar o rendimento industrial e o valor da produção.
No entanto, esse modelo de produção enfrenta crescentes críticas por seus impactos ambientais negativos, como a liberação de poluentes na atmosfera e a degradação do solo. Especialistas defendem a adoção de alternativas mais sustentáveis, como a colheita mecanizada sem queima e o aproveitamento da palha.
“Embora a queima da cana ainda possa trazer benefícios financeiros a curto prazo, os produtores precisam considerar os custos socioambientais e a necessidade de migrar para sistemas de produção mais sustentáveis”, alerta a pesquisadora Maria Oliveira, da Universidade Federal de São Paulo.
Diante desse cenário, a adoção de práticas mais ecológicas torna-se cada vez mais essencial, não apenas para atender a demandas sociais, mas também para garantir a viabilidade econômica da cultura da cana-de-açúcar a longo prazo.
Malefícios a saúde pública
O uso desse método, porém, causa poluição ambiental ao diminuir a qualidade do ar que respiramos.
Como resultado, a prática recorrente da queima da cana-de-açúcar em diversas regiões do país tem gerado graves preocupações quanto aos impactos à saúde pública. A fumaça liberada durante esse processo pode desencadear ou agravar uma série de problemas de saúde, especialmente em crianças e idosos.
“As partículas inaladas presentes nessa fumaça podem penetrar profundamente nos pulmões, causando inflamações e exacerbando doenças respiratórias como asma, bronquite e pneumonia”, explica o Dr. Lucas Oliveira, pesquisador na área de saúde ambiental.
Além dos efeitos respiratórios, a poluição também pode agravar problemas cardiovasculares existentes, como hipertensão e arritmias cardíacas. “As substâncias tóxicas na fumaça podem contribuir para a piora dessas condições de saúde”, complementa a Dr.ᵃ Fernanda Santos, cardiologista.
Os impactos na saúde se refletem diretamente nas estatísticas de internações hospitalares e mortalidade. “Observamos um aumento preocupante nos índices de internações e óbitos relacionados a doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente entre crianças e idosos”, alerta o secretário de Saúde, João Pereira.
Ainda, a dispersão da fumaça por longas distâncias pode afetar a qualidade do ar em regiões distantes das áreas de queima, ampliando o alcance desses efeitos prejudiciais à saúde da população.
Diante desse cenário, especialistas e autoridades públicas reforçam a urgência em adotar práticas agrícolas mais sustentáveis na produção de cana-de-açúcar, a fim de proteger a saúde da população.