Por que os preços dos alimentos estão disparando no Brasil?
Neste artigo, analisaremos as diversas causas desse grave problema de segurança alimentar, bem como as sérias ameaças ao futuro da alimentação da população brasileira.
Redução dos estoques públicos de alimentos
Nos últimos anos, os estoques públicos de alimentos no Brasil chegaram a zerar, tornando esta situação totalmente preocupante, que pode ser atribuída a uma combinação de fatores.
Primeiramente, o país adotou uma política mais liberal em relação aos estoques, deixando a responsabilidade principalmente para o setor privado. Isso significa que o governo reduziu sua atuação na compra e armazenamento de alimentos. Manter estoques públicos requer investimentos em infraestrutura, armazenagem e manutenção, e com os cortes nos gastos públicos, o governo pode ter optado por não alocar recursos para essa finalidade.
Além disso, é importante destacar que o favorecimento ao setor do agronegócio por parte de governos anteriores e do atual também contribuíram para o enfraquecimento da efetiva implementação da Lei Agrícola 8171 de 1991. Essa lei tem como um de seus objetivos a promoção da equidade no campo, mas os governos priorizaram o setor do agronegócio, enfraquecendo os instrumentos previstos para garantir a segurança alimentar da população.
Variações climáticas e oscilações das safras agrícolas
As variações climáticas e a oscilação das safras agrícolas também impactaram os estoques. Quando há uma safra menor, os estoques públicos também são afetados.
A redução e o esgotamento dos estoques públicos de alimentos têm sérias implicações para a segurança alimentar do país, tornando-o mais vulnerável a choques de oferta e impactando diretamente nos preços e no acesso da população aos alimentos essenciais. Sem estoques estratégicos, o governo também fica com menos ferramentas para implementar políticas emergenciais de distribuição de alimentos em momentos de crise, além de gerar maior dependência do mercado internacional.
Exportações do agronegócio no Brasil
O impacto das exportações do agronegócio no Brasil é bastante significativo, tanto em relação aos preços dos alimentos quanto aos estoques reguladores domésticos.
Quando a demanda internacional por commodities agrícolas brasileiras aumenta, os produtores tendem a direcionar mais da sua produção para o mercado externo, visando obter melhores preços. Isso acaba reduzindo a oferta de alimentos no mercado interno, pressionando os preços pagos pelos consumidores brasileiros, diminuindo a acessibilidade aos alimentos básicos.
Além disso, com os produtores priorizando as exportações, menos matéria-prima fica disponível para abastecer os estoques públicos de alimentos no país. Sem conseguir repor adequadamente esses estoques, o governo tem menos mecanismos para estabilizar os preços e garantir a segurança alimentar da população. A redução dos estoques reguladores também torna o país mais vulnerável a choques de oferta, como quebras de safra e eventos climáticos extremos.
Ademais, outro ponto relevante é que o forte direcionamento da produção agrícola para as exportações pode levar a uma concentração excessiva na monocultura de commodities, em detrimento da diversificação da produção de alimentos para consumo interno.
Portanto, é essencial que o governo adote políticas que equilibrem os interesses do mercado externo com a necessidade de garantir preços acessíveis e abastecimento alimentar adequado para a população brasileira, fortalecendo os instrumentos de estocagem e regulação de preços.
Portanto, é fundamental que o governo reavalie suas políticas e adote medidas para fortalecer a segurança alimentar da população brasileira.