
Devido às consequências da pandemia, Brasil perdeu o equivalente a 10 anos de progresso no Índice de Capital Humano
Conforme o relatório “Capital Humano Brasileiro – Investindo nas Pessoas”, lançado pelo Banco Mundial, uma criança brasileira nascida em 2021 perderá em média 46% do seu potencial total devido às condições inadequadas de saúde e educação, agravadas pela pandemia de Covid-19.
Entretanto, em 2019, esse percentual era de 40%.
Tal documento em questão é um relatório da equipe do Banco Mundial que apresenta uma análise sobre a situação da economia do Brasil em 2020, com destaque para o impacto da pandemia de COVID-19 e as perspectivas para a recuperação econômica em 2021 e para os próximos anos.
O que é o ICH ?
Índice de Capital Humano (ICH) é uma medida desenvolvida pelo Banco Mundial para avaliar a qualidade e quantidade do capital humano em um país.
O ICH é calculado a partir de três dimensões: sobrevivência, educação e saúde. Cada dimensão é composta por diferentes indicadores, como expectativa de vida, anos de escolaridade e taxa de mortalidade infantil.
Portanto, o relatório propõe o Índice de Capital Humano (ICH) para estimar a perda ou acúmulo de habilidades pelos indivíduos até os 18 anos, considerando as condições de educação e saúde durante períodos críticos de formação de habilidades.
O Nordeste teve o maior crescimento do capital humano no país, mas partindo de níveis relativamente mais baixos.
Os estados de Pernambuco, Alagoas e Ceará apresentaram o crescimento mais notável do ICH.
A região Norte foi a que teve o pior desempenho, e os municípios localizados no Amapá, Roraima e Tocantins destacaram-se com os menores ganhos de ICH entre 2007 e 2019.
Recuperação: um longo caminho
O caminho para a recuperação será longo, considerando-se a taxa de crescimento antes da pandemia, e o estudo traz diversas recomendações para o Brasil acelerar a recuperação do capital humano, incluindo a recuperação e aceleração sustentáveis por meio de sistemas públicos resilientes e a priorização da recuperação e aceleração do aprendizado.
Assim, o relatório aponta que o Brasil sofreu uma forte recessão em 2020, causada principalmente pela pandemia de COVID-19, que afetou tanto a oferta quanto a demanda agregada.
A contração econômica foi acentuada, com uma queda estimada do PIB de cerca de 4,5% em relação ao ano anterior.
Impacto da pandemia
O impacto da pandemia foi ainda mais severo nos setores mais afetados, como serviços, turismo e comércio, que registraram quedas significativas em suas atividades.
O relatório destaca que o governo brasileiro adotou uma série de medidas para mitigar os efeitos da pandemia na economia, incluindo programas de apoio às empresas e às famílias mais vulneráveis.
No entanto, o documento aponta que essas medidas foram insuficientes para evitar a forte queda do PIB.
No Brasil, o ICH apresentou uma melhora significativa entre 2010 e 2020, passando de 0,57 para 0,65.
Ainda assim, o país ainda está abaixo da média da América Latina e Caribe, os quais são de 0,68.
Além disso, há grandes desigualdades regionais e socioeconômicas no país, com regiões mais pobres e menos desenvolvidas apresentando índices mais baixos.
Entre os indicadores que compõem o ICH no Brasil, a expectativa de vida ao nascer é o que apresenta o melhor desempenho, com uma média de 75,4 anos em 2020.
Já a taxa de mortalidade infantil, embora tenha apresentado uma queda significativa nos últimos anos, ainda é considerada alta, com 11,9 mortes a cada 1.000 nascidos vivos em 2020.
Educação
No que diz respeito à educação, o país tem uma média de anos de escolaridade de 8,4 anos em 2020, um avanço em relação aos 7,2 anos de 2010.
No entanto, ainda há uma grande desigualdade de acesso à educação, especialmente entre as diferentes regiões do país.
Recomendações do relatório
Por fim, o relatório apresenta algumas recomendações para o governo brasileiro, incluindo a continuidade das políticas de apoio à recuperação econômica, a implementação de reformas estruturais para aumentar a produtividade e a competitividade da economia e a melhoria do ambiente de negócios para atrair mais investimentos.
Em resumo, o Brasil apresenta avanços no Índice de Capital Humano, mas ainda há muito a ser feito para melhorar a qualidade e quantidade do capital humano no país, especialmente em relação à educação e desigualdades regionais e socioeconômicas.