Palácio dos Bandeirantes: Como está, fica

PALÁCIO DOS BANDEIRANTES

O Palácio dos Bandeirantes, atual sede do Governo do Estado de São Paulo, tem seu destino questionado diante o projeto para o Centro Administrativo Campos Elíseos, com previsão de conclusão entre 2029 e 2030. Objeto de uma Parceria Público-Privada (PPP) com investimento estimado em R$ 5,4 bilhões, além de gastos mensais de quase R$ 70 milhões, o projeto envolve o destino futuro do histórico palácio do Morumbi.

Edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do governador, o Palácio dos Bandeirantes, com seus 21 mil metros quadrados de área construída e 125 mil metros quadrados de jardins, deverá ficar no mesmo. Seu emprego permanecerá como residência oficial do governador e sede de gabinetes mais próximos a ele — como Casa Civil, Comunicação e Casa Militar — mantendo seu acervo artístico atual.

Na nova configuração administrativa, a transferência de cerca de 22 mil servidores, atualmente distribuídos em mais de 40 prédios que somam cerca de 800 mil metros quadrados, para um conjunto de 230 mil metros quadrados construídos em Campos Elíseos representa o cerne da economia esperada.

O que muda no centro e como serão os espaços

Distante do centro, no Morumbi, as funções do Palácio dos Bandeirantes não se integrarão fisicamente ao completo concentrado de 28 secretarias e 36 órgãos estaduais em torno do Palácio dos Campos Elíseos. O espaço custará R$ 5,4 bilhões, além de um alto custeio mensal, com a licitação marcada para outubro de 2025.

Além da construção, estão previstos R$ 500 milhões em desapropriações para realocar cerca de 230 imóveis locais, justificando a revitalização urbana e mobilidade na área. O terminal de ônibus Princesa Isabel será relocado para próximo à estação da Luz, mantendo as linhas sem alteração.

O entorno incluirá área restaurada dos 17 imóveis tombados, aumento em 40% da área verde do parque Princesa Isabel, e criação de espaços comerciais e culturais, com bares, teatros, cinemas e serviços — tudo com certificação LEED Gold em eficiência energética.

Custos e economia projetada

O valor global do empreendimento é de R$ 5,4 bilhões, incluindo os edifícios, obras de infraestrutura urbana e manutenção. A contrapartida anual máxima estipulada no edital chegou a R$ 824,3 milhões/ano, sendo que o critério de escolha da concessionária será o maior desconto concedido sobre esse valor.

Apesar de o governo divulgar argumentos sobre a redução de custos — com a concentração de prédios e o corte de gastos de manutenção, segurança e aluguéis de dezena de imóveis externos —, a modelagem financeira pública não apresenta dados detalhados sobre economia anual, indicadores como VPL, TIR ou payback . A promessa oficial é que a centralização resulte em ganhos operacionais e valorização urbana, mas não foram divulgados valores reafirmando a economia, como cifras comparativas entre cenários com e sem o novo centro. Esse é um grave motivo de falha no edital dessa licitação, por não cumprir com obrigações legais de publicidade sobre esses estudos.

Palácio dos Bandeirantes continuará ativo

Mesmo com a nova sede administrativa em funcionamento a partir de 2029, o Palácio dos Bandeirantes não será abandonado. A intenção declarada pelas autoridades é manter o imóvel como residência oficial do governador, além de guardar o acervo histórico, cultural e artístico. Ou seja, a maior parte, senão todas as funções do complexo, permanecerão no local.

O novo Centro Administrativo é declarado como sendo parte de um movimento estratégico em direção à eficiência e economia esperada por meio da PPP. Contudo, traz consigo um orçamento bilionário, concessão de 30 anos e pacote de desapropriações e reurbanização de benefícios reais não declarados. Ainda assim, o Palácio dos Bandeirantes manterá seu papel institucional, enquanto o novo endereço é dito como um local para concentrar funções administrativas.

Até o momento, não foram tornados públicos indicadores financeiros sólidos que mostrem a real economia para o Estado, mantendo a promessa em um plano qualitativo, mas sem números específicos para embasar tal afirmação.

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