O ouro da Nicarágua

OURO DA NICARÁGUA

Maior produtor de ouro da América Central, a Nicarágua, usa o ouro para financiar a ditadura de Daniel Ortega.

Ortega: 20 anos no poder

Os EUA e a União Europeia já vem utilizando várias sanções econômicas, desde as manifestações de 2018, onde o governo da Nicarágua realizou uma repressão muito violenta aos manifestantes naquela ocasião.

Aliás, a gota d’água deste processo foi a eleição do próprio ditador Daniel Ortega pela 4.ª vez consecutiva, que já possui 20 anos de mandato presidencial, sendo a sua esposa a vice-presidente do país.

Ademais, esta última eleição não foi reconhecida internacionalmente, pois Ortega prendeu 7 de seus opositores e praticamente disputou sozinho.

Ortega foi presidente da Nicarágua entre 1979 e 1990 e voltou ao cargo em 2006, tendo sido reeleito em 2011, 2016 e 2021.

O ouro financia a ditadura

Dentro desta ideia de pressionar o país a uma atitude mais voltada no que a comunidade internacional reconhece como democrática, já foram utilizadas também sanções com a cana-de-açúcar e café.

Atualmente o que rende mais para a Nicarágua e permite que o governo se financie é exatamente a produção de ouro.

Hoje a Nicarágua é o principal país produtor de ouro da América Central, os negócios no ano passado chegaram a 1 bilhão de dólares.

Embora as mineradoras sejam basicamente inglesas e canadenses, na realidade 80% dessa produção é vendida para os EUA.

Neste sentido, esta atitude do governo dos EUA, em impor sanções econômicas, tenta assim sufocar o financiamento da ditadura de Daniel Ortega.

Perseguição de instituições

A maneira que ficou mais visível para o mundo foi justamente, quando a população pediu refúgio junto a igreja católica.

Daniel Ortega persegue padres e bispos da igreja católica, e alguns até já foram presos.

Praticamente todas as ONGs e rádios, e outras instituições ligados a igreja católica foram expulsas do país.

Essa pressão sobre a igreja católica acontece, porque a igreja oferece abrigo a muitos líderes da própria oposição.

Teologia da libertação e a revolução sandinista

A igreja católica tem todo um histórico de lutas, inclusive de quando Daniel Ortega liderou ou participou da revolução sandinista.

A igreja católica na época, com a teologia da libertação, foi uma das grandes responsáveis pelo sucesso da revolução sandinista na década de 1970/80, e hoje Daniel Ortega se volta contra a igreja porque ela dentro de sua política de direitos humanos oferece abrigo aos manifestantes que a procuram.

Daniel Ortega é um ditador reconhecido internacionalmente devido à maneira que ele se manteve no poder.

Lembrando que Ortega foi um líder revolucionário que lutou contra uma ditadura e prosperou.

A igreja e Ortega

A Frente sandinista de libertação nacional, se organizou com o apoio da Igreja católica em um movimento contra os governos militares.

No entanto, quando cai o muro de Berlim, percebesse que a União Soviética se dissolve, a Nicarágua perde essa frente de esquerda.

O protagonismo de Daniel Ortega só retorna ao governo da Nicarágua justamente quando o governo de esquerda chega ao poder no Brasil.

Meios de comunicação censurados

Hoje na Nicarágua há censura dos meios de comunicação.

A gota d’água foi a criação da legislação que transformou a Nicarágua em um regime extremamente fechado no que diz respeito a comunicação, até mesmo a CNN foi atingida.

Assim, toda a produção audiovisual tem que ser submetida ao governo que faz uma censura prévia de tudo veiculado no país.

Inclusive atualmente, só existem 2 canais independentes e os principais veículos de informação deixaram o país.

Nicarágua e Rússia

A organização da comunidade internacional em relação à Nicarágua ela já vem ocorrendo desde 2018, pois há uma escalada de atividades e uma pressão política.

Entretanto, há de se observar, por exemplo, que a Nicarágua foi o único país da America Latina que votou contra a resolução do conselho de segurança da ONU, que condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Portanto, essas ligações da Nicarágua com a Rússia são antigas e remontam desde o período da Guerra fria e se mantiveram e até hoje dentro da Nicarágua há presença de militares russo.

Assim sendo, há uma interconexão muito grande da Rússia com a Nicarágua e por isso a Nicarágua acaba se isolando da comunidade internacional.

Consequentemente, a Inglaterra e o Canadá, como possuem as principais mineradores, que atuam no país, são pressionados pelos EUA.

Êxodo

Hoje já temos 100 mil nicaraguenses que estão vivendo fora da Nicarágua.

Somente esse ano entraram nos EUA pela fronteira do México, mais de 150 mil nicaraguenses.

Portanto, este êxodo, ocasionados desta pressão, acaba tendo reflexo em toda comunidade internacional.

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