O mercado financeiro brasileiro registrou ontem, dia 18, movimentos significativos. O dólar comercial subiu 2,82%, fechando a R$ 6,267, estabelecendo um novo recorde nominal. Simultaneamente, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), caiu 3,15%, encerrando aos 120.771,88 pontos.
A alta do dólar reflete preocupações dos investidores com o cenário fiscal brasileiro. O pacote de corte de gastos proposto pelo governo enfrenta resistência no Congresso, gerando temores de que seja desidratado ou modificado, comprometendo sua eficácia no controle das contas públicas. Além disso, a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com aumento de despesas, incluindo reajustes no fundo partidário e gastos de estatais fora do arcabouço fiscal, intensificou as inquietações sobre a disciplina fiscal do país.
No cenário internacional, a decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, de reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, situando-a entre 4,25% e 4,5% ao ano, também impactou os mercados. Embora o corte estivesse nas expectativas, o Fed sinalizou apenas mais duas reduções adicionais em 2025, indicando um ciclo de afrouxamento monetário mais contido. Essa postura mantém os juros americanos em patamares relativamente elevados, atraindo investidores para ativos dos EUA em detrimento de mercados emergentes, como o Brasil.
A combinação desses fatores resultou na fuga de capitais do mercado brasileiro, pressionando o câmbio e provocando a queda acentuada da bolsa. Setores mais sensíveis ao cenário econômico, como o de consumo e varejo, registraram as maiores perdas no pregão.
Para os próximos dias, analistas preveem continuidade na volatilidade dos mercados. A atenção permanece voltada para as negociações em torno do pacote fiscal no Congresso e para eventuais declarações do Banco Central brasileiro sobre a política monetária. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, já aponta para uma elevação nas projeções da taxa Selic em 2025, refletindo as expectativas de inflação mais alta e a necessidade de conter a desvalorização do real.
O mercado financeiro brasileiro enfrenta um período de incertezas, influenciado por fatores internos e externos. A evolução dos indicadores econômicos e das políticas governamentais será determinante para definir os rumos do câmbio e da bolsa nos próximos dias.