iFood demite funcionários devido cenário econômico

PLATAFORMAS DIGITAIS

iFood é uma plataforma de entrega de comida online que permite aos usuários fazer pedidos de comida de vários restaurantes por meio de um aplicativo de smartphone ou site.

Fundada em 2011 no Brasil, a empresa é líder no setor que atua.

Os usuários podem escolher entre uma ampla variedade de opções de restaurantes, tipos de cozinha e pratos, além de poderem acompanhar o pedido em tempo real até a entrega.

A empresa também oferece vários métodos de pagamento e entrega, incluindo entregas expressas e programadas.

Entretanto, essa facilidade custa caro.

O levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) revela que as compras pela plataforma são em média 17,5% mais caras que os pedido efetuado diretamente ao restaurante.

iFood demite

O mês de março começou com uma notícia ruim para 355 de seus funcionários, cerca de 6,3% do total de seus colaboradores.

Segue nota da empresa:

“O iFood tomou hoje (1/3) a difícil decisão de descontinuar algumas posições internas, impactando em postos de trabalho de colaboradores que ajudaram a escrever a nossa história. O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades. Não foi diferente com o iFood. Lamentamos cada perda e estamos comprometidos em garantir que esse momento difícil seja conduzido com o máximo de cuidado e respeito a essas pessoas.”

Essa foi a segunda grande onda de demissões na empresa. Em junho do ano passado o iFood dispensou 80 colaboradores.

Desafios

Talvez provavelmente o “cenário econômico mundial” não seja o único motivo de preocupações da companhia.

De acordo com a ABRASEL, o iFood detém 80% do mercado de delivery no Brasil.

Pelo seu serviço, a plataforma cobra entre 16% e 25% de taxa dos restaurantes, sendo que esse número pode superar 30% em alguns casos.

Se por um lado esses números poderiam revelar motivos para comemorar, por outro lhe causa sérios questionamentos.

Há um ano, o Uber Eats deixou de atuar no mercado brasileiro. Isso fortaleceu a condição de ‘monopólio’ do iFood, sua principal crítica.

Um dos motivos seria pelo fato da empresa exigir exclusividade do restaurante, motivo de reclamação do Rappi, sua atual principal concorrente.

O Rappi levou essa sua reclamação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), em 2011.

Entretanto, apesar de reversão dessa condição no CADE, contratos que já haviam sido assinados com o iFood mantiveram tal exigência.

A discussão chegou ao estágio atual, onde a empresa assinou com o CADE no mês passado um Termo de Compromisso de Cessação (TCC).

O TCC estabelece uma série de condições que visam quebrar sua conduta anticompetitiva.

Transparência

Retração de mercado

Em novembro de 2022, a empresa anunciou o encerramento de sua operação na Colômbia, onde operava há 7 anos.

O país é sede da Rappi, sua principal concorrente no Brasil.

O motivo alegado seria praticamente o mesmo pelo qual o iFood demite agora uma parte de seus funcionários, “momento do mercado de capitais”.

Relações trabalhistas

Outro problema, que afeta todas as empresas que atuam nesse modelo de negócio, está relacionado com a relações trabalhistas.

Além da ausência de vínculo celetista, as empresas estão sempre à volta de acusações por não comprovarem o cumprimento de padrões mínimos de trabalho.

Tanto é que o iFood anunciou ter o tema sob seu radar de atuação estratégica para 2023.

“Nosso foco neste ano vai ser a regulação do trabalho dos entregadores de aplicativo”, explica João Sabino, diretor de políticas públicas do iFood. “Se tivermos uma participação ativa na elaboração de um marco regulatório inovador, onde ganhem os entregadores, o ambiente de negócios e a sociedade, teremos alcançado nosso sonho grande.”

Por outro lado, a empresa descarta totalmente a possibilidade de adequar-se a contratação pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Assim, sem sequer avaliá-la se é boa ou ruim, afirmam terem “convicção de que ela não serve para regular o trabalho por aplicativo”, conclui João Sabino.

Ao seu lado a empresa utiliza como ‘defesa’ sua própria pesquisa onde 2/3 de seus entregadores não desejariam trabalhar no modelo CLT.

Falta-lhes apenas combinar com os russo…

Pela Agência Brasil, haverá uma solução do governo para regulamentar os trabalhadores por aplicativos ainda nesse mês, seja por meio de um projeto de lei ou de uma Media Provisória (MP).

O governo atual, desde as campanhas eleitorais do ano passado, forneceu uma série de sinais de descontentamento com a fragilização das relações de trabalho impostas por novos modelos de negócios.

“Do jeito que está hoje não dá para ficar. Estamos numa fase de escuta, por enquanto, tentando encontrar pontos de convergência. A ideia é ter uma proposta até o fim do semestre”, apontou o ministro do Trabalho e Previdência, Luiz Marinho.

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