Estudo revela que rios brasileiros podem secar

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SECA SÃO PAULO

Estudo revela que rios brasileiros podem secar. Um estudo recente realizado por pesquisadores da FAPESP destaca que mais da metade dos rios brasileiros enfrenta risco de redução de fluxo, principalmente devido à filtragem de água para os aquíferos subterrâneos. A análise de 17.972 poços revelou que 55,4% deles têm níveis de água abaixo da superfície dos rios, criando um gradiente que favorece a infiltração. Regiões críticas, como a bacia do rio São Francisco e a área do Matopiba, estão especialmente vulneráveis, na maioria devido à intensa irrigação agrícola.

Uso Ilegal de Poços Agrava a Situação

O uso indiscriminado de poços, sendo mais de 88% considerados ilegais, agrava ainda mais a situação, comprometendo a disponibilidade de água e causando subsidência do solo. Diante desse cenário, os pesquisadores enfatizam a urgência de um planejamento integrado na gestão dos recursos hídricos. Apesar de o Brasil deter 15% da água doce renovável do mundo, o país já enfrenta sérios problemas hídricos, que devem se intensificar com as mudanças climáticas.

Propostas para Mitigar os Desafios Hídricos

Para mitigar esses desafios, os especialistas sugerem utilizar ferramentas de sensoriamento remoto e a necessidade de investimentos em monitoramento hidrogeológico. Além disso, alertam que a depleção do sistema hídrico pode impactar a saúde pública, como demonstrado pelo aumento de casos de pressão alta em comunidades que dependem de água de rios afetados. O estudo serve como um chamado para a revisão das estratégias de manejo hídrico, especialmente em países tropicais.

Contudo, em uma proposta adicional, os pesquisadores buscam aprofundar a compreensão dos processos hidrológicos e biogeoquímicos na zona hiporreica, uma área crucial onde as águas superficiais e subterrâneas interagem. Considerando os impactos das mudanças climáticas e da ocupação do solo nos serviços ecossistêmicos, é fundamental entender como esses processos influenciam o transporte de nutrientes e poluentes. O Sistema Aquífero Guarani (SAG), vital para a segurança hídrica em São Paulo, enfrenta vulnerabilidades devido a contaminações em suas áreas de afloramento.

Metodologia e Objetivos do Estudo

Para abordar essa questão, a proposta inclui uma revisão sistemática e a criação de um banco de dados que avaliará os impactos em aspectos quantitativos, qualitativos e nos serviços ecossistêmicos. Um monitoramento contínuo em uma área representativa possibilitará o desenvolvimento de modelos de balanço hídrico e de transporte de calor e nutrientes. Entretanto, após a calibração e validação, esses modelos ajudarão a identificar regiões críticas do SAG e a entender os impactos nos fluxos hidrológicos e processos da zona hiporreica. Essa iniciativa proporcionará uma visão mais clara das dinâmicas hídricas do SAG e suas respostas a mudanças climáticas e de uso do solo.

O estudo, realizado por pesquisadores do Brasil e do exterior, foi publicado no periódico Nature Communications “Widespread potential for streamflow leakage across Brazil”.

Fonte: Agência FAPESP

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