Copom mantém taxa Selic em 13,75% a.a.
Copom (Comitê de Política Monetária), em sua 252ª reunião, decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.
O ambiente externo continua marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano.
Há alta volatilidade nos ativos financeiros e pressão inflacionária, apesar dos sinais mais positivos na margem.
A política monetária nos países avançados em relação a taxas restritivas e a maior sensibilidade dos mercados aos fundamentos fiscais exigem maior cuidado por parte dos países emergentes.
Dados recentes, no entanto, têm sido relativamente resilientes, e a flexibilização das restrições de saúde na economia chinesa alivia a possibilidade de novas interrupções nas cadeias de suprimentos globais.
Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores mais recentes continua confirmando a desaceleração esperada pelo Copom.
A inflação ao consumidor e suas várias medidas de inflação subjacente permanecem acima da faixa consistente com o cumprimento da meta de inflação, embora com algum resfriamento.
As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 5,7% e 3,9%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,6% para 2023 e 3,4% para 2024.
Projeções para a inflação de preços
As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,6% para 2023 e 5,0% para 2024.
O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,6%;
Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 5,5% para 2023, 3,1% para o terceiro trimestre de 2024 e 2,8% para 2024; e
O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se:
Uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
Uma elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais que implicam sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos;
Além de um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo Comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho.
Entre os riscos de baixa, ressaltam-se:
A queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local;
Desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada;
Além da manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023.
Incertezas no âmbito fiscal
A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.
O Comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a.
O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024.
Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência conseguirá assegurar a convergência da inflação.
O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que têm mostrado deterioração em prazos mais longos desde a última reunião.
O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.
O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e aumenta 2% ao ano posteriormente.
Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2023 e de 2024.
O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.
Fonte: Banco Central