Bolsonaristas, e agora?

BOLSONARISTAS

Bolsonaristas, nacionalistas, ou melhor ainda, brasileiros em geral, iniciaram protesto 1 dia após o término do 2.º turno das eleições para Presidente da República.

O movimento começou forte com o bloqueio de estradas. Hoje, a intensidade desses bloqueios não é tão grande.

O que marca mesmo é a presença frente aos quartéis do exército.

Seja diante ao Quartel General — Comando da 2ª Região Militar, localizado no bairro Paraíso, em São Paulo, ou em qualquer outra cidade do estado, ou do país.

Sempre há um grupo significativo de pessoas, que de hora em hora proclamam “Forças Armadas salvem o Brasil”.

O sentimento é de melancolia, de apelo profundo.

Jantar em clima de despedida

Ontem, em Brasília, o Partido Liberal (PL) sigla do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, candidato não reeleito à presidência, promoveu um jantar de confraternização.

As fotos e as poucas declarações públicas marcaram o ar de despedida.

Ademais, em uma das poucas declarações, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse “Vocês podem ter certeza que o Bolsonaro vai dar uma resposta a vocês. Bolsonaro é homem. Pode ter certeza que ele não vai deixar vocês na mão”.

A afirmação veio após um dos presentes na saída do restaurante indagar sobre o resultado das eleições.

Contudo, o Presidente Jair Bolsonaro segue sem se pronunciar ou conceder entrevistas.

E agora?

Hoje começaram as audiências públicas no Senado Federal para receber declarações a respeito das eleições desse ano.

Em Brasília, o grupo em frente ao Quartel General Forte Caxias é incitado a seguir pelo Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes.

A medida, poderia levar o protesto para um rumo agressivo. Há consenso que esse rumo deve ser evitado.

Bolsonaristas, mas apartidário e sem liderança

Sobretudo, a insatisfação e a vontade são claras. O grupo, chamado de Bolsonaristas, manifesta que Lula da Silva não deve assumir o cargo de Presidente do Brasil.

Assim, o movimento apartidário e sem liderança segue, sem rumo.

Afinal, o que se espera caso não haja uma resposta satisfatória e em tempo?

Todavia, não há sinais de ‘próximos passos’.

Semelhanças

Por fim, os manifestantes muito fazem lembrar José, do poema escrito por Carlos Drummond de Andrade.

Por analogia, os bolsonaristas fariam a vez de José no poema, representando os brasileiros, sozinhos e abandonados, na sua falta de esperança e na sensação de estarem perdidos na vida, sem saber que rumo tomarem.

Diz o poema, José:

E agora, José?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?

E agora, você?

Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?

E agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…

Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!

José, para onde?

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