Bolsonarismo: O fanatismo político que ameaça o Brasil

Bolsonarismo: O fanatismo político que ameaça o Brasil. Nos últimos anos, o Brasil tem sido cenário de um debate acalorado sobre o fanatismo político, especialmente no contexto do bolsonarismo, movimento que se destacou durante e após a presidência de Jair Bolsonaro (2019–2023). Esse fanatismo cego entre os apoiadores de Bolsonaro, levanta questões sobre lealdade política, corrupção e a influência de líderes religiosos como Silas Malafaia. Este artigo analisa o tema do fanatismo político no Brasil, utilizando o discurso como ponto de partida, e contextualiza-o nas dinâmicas sociais e políticas contemporâneas do país.
O Contexto do Fanatismo Político
O termo “fanatismo político” refere-se a uma adesão extrema e muitas vezes irracional a uma ideologia ou figura política, onde os seguidores ignoram fatos, evidências contrárias ou condutas moralmente questionáveis de seus líderes. No Brasil, esse fenômeno ganhou contornos particulares durante a ascensão de Jair Bolsonaro, cuja retórica atraiu milhões de seguidores. O bolsonarismo transcende a simples filiação partidária, incorporando elementos de identidade cultural, religiosa e econômica que ressoam profundamente em segmentos da população brasileira.
Entretanto, existe a incapacidade dos seguidores de Bolsonaro de questionar ou criticar suas ações, independentemente da gravidade das acusações contra ele. Menciona-se um cenário extremo — Bolsonaro matando crianças em praça pública — e sugere-se que, mesmo assim, seus apoiadores continuariam a defendê-lo. Essa hipérbole, embora dramática, reflete uma percepção difundida de que o bolsonarismo opera em um nível de lealdade quase religiosa, onde a crítica racional é substituída por uma devoção inquestionável.
Corrupção e Indiferença
Um dos pontos centrais do vía indiferença dos apoiadores de Bolsonaro às denúncias de corrupção envolvendo ele e sua família. Cita-se a notícia de que Bolsonaro teria 40 milhões de reais em uma conta, além de questionar as origens das riquezas de seus filhos, como Flávio Bolsonaro, que comprou uma mansão, e Eduardo Bolsonaro, que vive em uma mansão nos Estados Unidos. Essas acusações são sistematicamente ignoradas por aqueles que veem Bolsonaro como uma figura messiânica.
Essa indiferença ao escândalo é comum em movimentos de fanatismo político globalmente. Estudos sugerem que, em contextos de polarização extrema, os seguidores filtram informações de acordo com suas crenças pré-existentes, rejeitando narrativas que contradizem sua visão de mundo. No caso brasileiro, isso é exacerbado por uma mídia fragmentada e pelo uso de redes sociais, onde desinformação e “câmara de eco” reforçam ainda mais a lealdade ao líder.
O Paralelo com Silas Malafaia
Entretanto, isso não se limita somente a criticar o bolsonarismo, mas estende a análise a líderes carismáticos que exercem influência sobre grandes massas. Menciona Silas Malafaia, um pastor evangélico conhecido por sua riqueza e influência política, questionando a origem de seu dinheiro e como ele mantém seguidores apesar das exigências de dízimos altos. Essa comparação é significativa, ao destacar a interseção entre religião e política no Brasil, onde o evangelicalismo tem crescido exponencialmente.
A comparação entre Bolsonaro e Malafaia não é arbitrária. Ambos capitalizam sobre a desconfiança em instituições tradicionais e promovem uma narrativa de redenção nacional. Malafaia, por exemplo, é conhecido por seu apoio a Bolsonaro e por mobilizar eleitores evangélicos, um bloco eleitoral poderoso. Sugere-se que o fanatismo religioso e político são faces da mesma moeda, onde a crítica racional é substituída por uma fé cega no líder.
O “Efeito Manada”
Uma situação observada é o “efeito manada”, que descreve como os seguidores agem como gado, seguindo o líder sem questionar. Essa imagem evoca a noção de que o bolsonarismo opera por uma dinâmica de grupo onde a individualidade é suprimida em favor da conformidade. O “efeito manada” reflete um fenômeno psicológico de conformidade de grupo, onde indivíduos se alinham com a maioria. No contexto brasileiro, isso é agravado por uma polarização que transforma a política em uma guerra cultural, onde a lealdade ao grupo é vista como virtude.
Esse efeito é particularmente perigoso porque impede um diálogo construtivo e perpetua a divisão social.
Implicações para a Democracia Brasileira
O discurso levanta questões importantes sobre a saúde da democracia brasileira. A persistência do fanatismo político, seja na forma de bolsonarismo ou outros movimentos, ameaça a natureza pluralista e deliberativa das sociedades democráticas. Quando os cidadãos não conseguem interagir criticamente com seus líderes ou considerar pontos de vista opostos, o espaço para debate racional encolhe, aumentando o risco de autoritarismo.
Além disso, a interseção entre religião e política, como destacado pela comparação com Silas Malafaia, complica o cenário democrático. Líderes evangélicos se tornaram influentes, moldando eleições e políticas através do controle sobre grandes congregações. Essa mistura entre igreja e estado pode minar princípios seculares e exacerbar divisões sociais.
Conclusão
Este artigo é mais do que uma crítica ao bolsonarismo; é um comentário sobre o estado da política brasileira e os perigos do fanatismo. Ao destacar a indiferença às acusações de corrupção, a lealdade cega e o “efeito manada”, chama atenção para dinâmicas que vão além de uma única figura ou movimento. O fanatismo político no Brasil é um sintoma de desafios mais profundos, incluindo polarização, desinformação e influência de líderes carismáticos.
Para superar esses desafios, é necessário fomentar um ambiente onde o diálogo crítico seja valorizado e onde os cidadãos sejam encorajados a questionar, em vez de seguir cegamente. Assim será possível construir uma democracia mais robusta e inclusiva, capaz de lidar com as complexidades do século XXI. O discurso, por mais controverso que seja, serve como um lembrete urgente da necessidade de refletir sobre o papel da política em nossas vidas e das responsabilidades que carregamos como cidadãos.
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