Bolívia passa por tentativa de golpe de Estado

BOLÍVIA

A Bolívia viveu momentos de tensão na quarta-feira, 26 de junho de 2024, com uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luis Arce. O evento foi marcado por motins militares, bloqueios de ruas e clima de instabilidade em La Paz, capital do país.

Segundo o ex-presidente Evo Morales, a ação golpista iniciou com a recusa de alguns setores das Forças Armadas em acatar a ordem de contenção de manifestantes anti-governo. Tanques de guerra cercaram o Palácio Quemado, sede da presidência, enquanto militares pediam a renúncia de Arce.

O presidente Arce, por sua vez, denunciou a tentativa de golpe e convocou seus apoiadores para defenderem a democracia nas ruas. A rápida mobilização da população civil, junto à condenação da ação por parte de líderes internacionais e de importantes setores das Forças Armadas, foi fundamental para conter a investida golpista.

Bolívia, futuro incerto

Apesar do fracasso da tentativa de golpe, o episódio expôs as fragilidades da democracia boliviana e acendeu preocupações com a polarização política no país. Analistas apontam para a insatisfação com o resultado das eleições de 2020, que levou à vitória de Arce, como um dos principais fatores por trás da instabilidade.

Outro ponto crucial é a influência de grupos de direita que contestam a legitimidade do governo e defendem medidas autoritárias. Esse clima de crispação política, somado às desigualdades sociais e à histórica instabilidade do país, configura um cenário desafiador para o governo Arce.

Embora a situação imediata pareça controlada, o futuro da Bolívia permanece incerto. O governo terá que lidar com as raízes do descontentamento popular, promover o diálogo entre diferentes setores da sociedade e fortalecer as instituições democráticas para evitar novas crises.

A comunidade internacional também tem um papel importante a desempenhar, pressionando por medidas que garantam a paz e a democracia na Bolívia. O apoio à construção de um diálogo nacional inclusivo e ao respeito ao Estado de Direito são cruciais para a estabilidade do país.

Volta de Evo Morales

Por outro lado, o ex-presidente Evo Morales, líder do Movimento ao Socialismo (MAS), permanece uma figura influente na política boliviana. Sua possível candidatura à presidência em 2025 tem gerado debates acalorados. Enquanto alguns opositores veem Morales como uma ameaça à estabilidade e à alternância de poder, seus apoiadores argumentam que ele representa a continuidade de políticas progressistas.

Conforme a Constituição da Bolívia, Evo Morales não pode ser candidato à presidência da Bolívia em 2024. Após servir três mandatos consecutivos como presidente, a Constituição boliviana limita os presidentes a apenas dois mandatos. Portanto, Evo Morales não se qualifica para concorrer novamente. As eleições presidenciais na Bolívia estão previstas para outubro de 2024.

De fato, Evo Morales conseguiu se eleger para três mandatos consecutivos como presidente da Bolívia, apesar da limitação constitucional de apenas dois mandatos. Isso ocorreu porque em 2016, Morales realizou um referendo nacional para alterar a Constituição e permitir sua reeleição ilimitada. Embora o referendo tenha sido rejeitado pelos eleitores, Morales conseguiu que o Tribunal Constitucional da Bolívia declarasse essa limitação inconstitucional, abrindo caminho para sua candidatura em 2019 para um terceiro mandato.

Essa decisão judicial controversa foi criticada por muitos como uma manobra para manter Morales no poder. Após protestos e alegações de fraude eleitoral, Morales renunciou em 2019 e deixou o cargo.

Em 2023, o Tribunal Constitucional boliviano anulou o instrumento que permitia essa reeleição indefinida. Uma nova tentativa de possibilitar a candidatura de Morales à presidência é dita como motivadora do ato de golpe militar ocorrido ontem.

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