As décadas de prosperidade da Alemanha acabaram

ALEMANHA PIB

A falta de adaptação às mudanças geopolíticas e a falta de investimento levaram o país ao declínio, noticia o jornal El Pais.

As décadas de prosperidade da Alemanha, que a impulsionaram a tornar-se numa das maiores economias do mundo, chegam ao fim, afirmou o diário espanhol El Pais no início desta semana.

Em julho, dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Alemanha será a única grande economia a não crescer em 2023, prevendo-se que o seu PIB diminua 0,3%. 

Competitividade, tecnologia e geopolítica

O modelo alemão depende da competitividade de custos, da liderança tecnológica na indústria e da estabilidade geopolítica, e todos desapareceram, segundo o jornalista Wolfgang Munchau.

“O que surgiu agora é uma crise nos preços da energia, novas divisões geopolíticas e choques tecnológicos que colocam questões existenciais sobre o futuro do modelo”, disse Munchau, acrescentando que o mundo em torno da Alemanha mudou completamente. 

Desde o início da década de 2000, o país tem desfrutado de um forte crescimento contínuo, impulsionado por elevadas taxas de emprego e pela procura externa de economias em rápido crescimento, como a China. 

Setor industrial é o suporte da economia alemã

O setor industrial da Alemanha, o suporte da economia, floresce desde 2003, alimentado pela energia barata da Rússia e pela mão-de-obra barata da Europa de Leste.

Espera-se que a Alemanha dependa ainda mais de um nível massivo de exportações e importações, “mas as indústrias que tiveram sucesso nas últimas duas décadas, nomeadamente a química e a automóvel, não desempenharão o mesmo papel no futuro”, Clemens Fuest, diretor do Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica (IFO), disse ao El Pais. 

De acordo com Carsten Brzeski, diretor do ING para a Alemanha e a Zona Euro, a China, embora ainda importe produtos alemães, também se tornou um forte rival. 

O especialista acrescentou que os desafios relacionados com a pandemia, juntamente com as tensões geopolíticas, mudaram o mundo, mas que a Alemanha também não conseguiu investir e implementar novas reformas a tempo. 

Além disso, observou Fuest, os investimentos públicos e privados são dificultados por procedimentos de planejamento excessivamente complexos, regulamentos restritivos e burocracia que deveriam ser simplificados pelo governo.

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