O mundo está à beira de uma grave insegurança alimentar devido aos fertilizantes. Situação atual nunca foi vista desde a Segunda Guerra Mundial, alerta a Organização das Nações Unidas (ONU).
As últimas sanções impostas à Rússia e à Bielorrússia elevaram os preços globais dos fertilizantes a um nível recorde.
Os dois países são grandes exportadores de potássio, fundamental para a indústria agrícola global. Mesmo antes do conflito já estavam sofrendo com interrupções nas produções, relacionadas à pandemia.
Na semana passada, os preços dos fertilizantes subiram quase 10% em relação à semana anterior. Isso de acordo com o Índice de Preços de Fertilizantes da Green Markets North America.
O preço atual é o maior já registrado.
O índice mostra que os preços atuais já estão 40% mais altos do que há um mês. Ou seja, isso ocorre antes mesmo do início da operação militar da Rússia na Ucrânia.
De acordo com a CRU, uma consultoria de commodities sediada no Reino Unido, os preços das matérias-primas que compõem o mercado de commodities de nutrientes agrícolas tem passado por fortes aumentos.
Insumos como amônia, nitrogênio, potássio, ureia, fosfatos, sulfatos e nitratos, tiveram um aumento de 30% desde o início do ano. Os preços superam os níveis alcançados durante a crise financeira de 2008.
A Rússia e a Bielorrússia são grandes exportadores de vários compostos fertilizantes críticos, incluindo ureia e potássio.
Aumentos nos preços
A ureia já está sendo negociada por US$ 880 por tonelada nos EUA, em comparação com os US$ 182 por tonelada registrados em 2020.
Os preços subiram 60% desde que o Ocidente impôs sanções contra os dois países.
O aumento dos preços dos fertilizantes também foi elevado pelos custos mais altos do gás natural. Trata-se de uma matéria-prima vital na produção de fertilizantes à base de nitrogênio.
Os preços da energia dispararam em meio aos planos da União Europeia de reduzir a dependência do fornecimento de petróleo e gás russo e diante as proibições impostas pelos EUA e alguns outros países.
Restrições
A situação também está sendo agravada pela proibição da China às exportações de fertilizantes, principalmente nitrogênio e fosfato.
A medida, que expira em junho, foi implementada para limitar a alta dos preços domésticos dos alimentos.
Além disso, espera-se que uma disputa trabalhista na Canadian Pacific Railways agrave a escassez, pressionando ainda mais as cadeias logísticas globais.
A canadense Nutrien, maior produtora de fertilizantes do mundo, disse que pode resistir a uma paralisação de alguns dias. Entretanto, uma paralisação mais longa a forçaria a considerar diminuir a produção de potássio.
Alerta da ONU
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação alertou, anteriormente, a respeito da “insegurança alimentar aguda”
Assim, a fome já assolava dezenas de países na América Latina, África Central, Oriente Médio e Ásia Central, devido a conflitos e condições ambientais erráticas.
Afinal, “a Ucrânia só agravou uma catástrofe em cima de outra catástrofe”, disse David M. Beasley, diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos da ONU.
Por fim, ele ainda acrescentou que os atuais níveis de insegurança alimentar não são vistos desde a Segunda Guerra Mundial.