Banco Itaú demite cerca de mil funcionários

BANCO ITAÚ

O Banco Itaú, um dos principais bancos privados do Brasil, anunciou demissões em massa, com estimativas apontando cerca de mil funcionários desligados, embora o banco não tenha confirmado o número exato. As demissões, que repercutiram amplamente nas redes sociais, foram justificadas pelo banco como resultado de uma “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”, citando problemas de produtividade e “aderência cultural”. A maioria dos afetados trabalhava em regime híbrido ou home office, e relatos indicam que o banco identificou casos de funcionários que registravam presença, mas apresentavam baixa atividade nas plataformas de trabalho.

O Itaú afirmou que as demissões visam fortalecer a cultura organizacional e preservar a confiança com clientes e colaboradores, mas não detalhou as métricas usadas para avaliar a produtividade. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região criticou os cortes, classificando-os como “inaceitáveis” diante dos lucros bilionários do banco — cerca de R$ 22 bilhões no primeiro semestre de 2025. Entretanto, o sindicato também lamentou a falta de diálogo prévio para buscar alternativas às demissões.

Essa movimentação reflete uma tendência no setor financeiro de redução de custos e adaptação à digitalização, com o Itaú tendo fechado mais de 2 mil agências e cortado cerca de 18 mil empregos nos últimos anos. A polêmica gerou debates sobre as condições de trabalho remoto e o impacto dos avanços tecnológicos no mercado de trabalho bancário.

Pressão das Ameaças de Sanções Internacionais

As sanções internacionais, especialmente relacionadas à Lei Magnitsky dos Estados Unidos, têm gerado tensões significativas no setor financeiro brasileiro. A Lei Magnitsky, originalmente criada para punir violações de direitos humanos e corrupção, foi utilizada em 2025 contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusado pelos EUA de autorizar prisões arbitrárias e suprimir a liberdade de expressão. Essa sanção colocou bancos brasileiros, como o Banco do Brasil (BB), em uma encruzilhada jurídica: cumprir as determinações do STF, que proíbe a aplicação de sanções estrangeiras sem aval judicial brasileiro, ou respeitar as leis americanas para evitar penalidades, como multas ou exclusão do sistema financeiro global (SWIFT).

O BB, por ser parcialmente estatal, enfrenta maior risco de represálias internacionais devido à sua exposição a operações nos EUA e à pressão política doméstica. A incerteza jurídica resultou em volatilidade no mercado, com perdas de mais de R$ 40 bilhões em valor de mercado para os cinco principais bancos brasileiros na semana passada.

Clima de Incerteza no Mercado

A decisão do Banco Central (BC) de barrar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) gerou um clima de incerteza no mercado financeiro brasileiro. A operação, que visava expandir a presença do BRB no setor bancário, foi suspensa devido a preocupações regulatórias, incluindo questões de governança e adequação de capital. Contudo, a suspensão da aquisição reforçou a percepção de um ambiente regulatório mais rígido, afetando a confiança em fusões e aquisições no setor financeiro. O mercado teme que decisões semelhantes limitem o crescimento de instituições regionais, como o BRB, e aumentar a concentração no setor bancário, dominado por grandes players como Itaú e Banco do Brasil.

A Transformação Digital e seu Impacto

A transformação digital no setor bancário brasileiro impulsiona o fechamento de agências físicas e a redução de quadros de funcionários, com foco em tecnologia e atendimento online. Bancos como o Itaú Unibanco têm liderado esse movimento, com o fechamento de mais de 2 mil agências nos últimos anos e a demissão de cerca de 18 mil funcionários, incluindo as recentes demissões em massa de aproximadamente mil pessoas em setembro de 2025. Esses cortes, justificados pelo Itaú como uma revisão de condutas relacionadas ao trabalho remoto e produtividade, refletem a transição para plataformas digitais que exigem menos infraestrutura física e pessoal.

A automação e o uso de inteligência artificial em serviços como atendimento ao cliente e análise de crédito têm reduzido custos operacionais, mas também gerado críticas de sindicatos, que apontam a precarização do trabalho e a falta de diálogo com os funcionários. Essa tendência é observada em outros bancos, como o Banco do Brasil, que também investe em digitalização para competir com fintechs e manter a lucratividade.

Banco do Brasil em Foco

O Banco do Brasil (BB) está no epicentro das tensões envolvendo a Lei Magnitsky, devido à sua natureza parcialmente estatal e operações internacionais, incluindo o BB Americas Bank. A sanção contra Alexandre de Moraes colocou o BB em uma posição delicada: cumprir as sanções americanas pode levar a punições do STF, enquanto as ignorar pode resultar em multas ou restrições nos EUA, como o bloqueio de transações com bandeiras de cartão como Visa e Mastercard. Relatos indicam que o BB chegou a bloquear um cartão de crédito de Moraes, evidenciando o conflito entre legislações.

O banco respondeu com comunicados reafirmando sua conformidade com leis brasileiras e internacionais, além de preparar planos de contingência para possíveis escaladas nas sanções. A situação é agravada por desinformação nas redes sociais, que especulam sobre a falência do BB ou bloqueios no sistema SWIFT, contribuindo para a queda de 6,03% em suas ações em agosto de 2025. O BB busca tranquilizar investidores, mas o risco jurídico e reputacional permanece elevado, impactando sua posição no mercado.

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