Danone questiona sustentabilidade da soja do Brasil

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DANONE SOJA

A Danone entrou em uma controvérsia envolvendo a soja brasileira. A multinacional de origem francesa chamou atenção para a complexa relação entre sustentabilidade ambiental e o comércio global de commodities. O impasse iniciou com rumores de que a Danone teria decidido interromper a compra de soja do Brasil devido ao impacto ambiental associado ao cultivo. A Aprosoja, associação de produtores de soja do Brasil, reagiu prontamente, considerando a medida “discriminatória” e sugerindo que o governo brasileiro levasse o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). A associação argumentou que a agricultura brasileira já segue uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, como o Código Florestal, que exige que propriedades mantenham áreas de preservação​

Esclarecimentos da Danone

Em resposta à polêmica, a Danone publicou um comunicado desmentindo as alegações de embargo, reiterando que continua a comprar soja brasileira, desde que os produtores cumpram normas rigorosas de sustentabilidade e rastreabilidade. A empresa reafirmou seu compromisso com a cadeia de fornecedores locais e com práticas agrícolas sustentáveis, ressaltando sua política de rastreio para garantir que a soja não provenha de áreas desmatadas. A Danone também destacou sua parceria de mais de 50 anos com o setor agrícola brasileiro e sua contribuição para fortalecer práticas sustentáveis entre os produtores nacionais​

Regulamento europeu e repercussões no Brasil

O debate sobre o uso da soja brasileira pela Danone reflete uma preocupação crescente com a regulamentação ambiental na União Europeia. Em particular, o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), que deve ser implementado até 2025, exige que as empresas comprovem que seus produtos não contribuem para o desmatamento. Esse regulamento afeta diretamente exportadores brasileiros, cujos produtos são visados devido às taxas de desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Para o Ministério da Agricultura do Brasil, medidas como o EUDR são desproporcionais e prejudicam produtores, especialmente os pequenos, além de encarecer o acesso ao mercado europeu. Em uma recente conquista diplomática, o Brasil conseguiu adiar a aplicação do EUDR para 2025, visando utilizar esse tempo para negociar um acordo que reconheça as práticas sustentáveis já adotadas pelo país​.​

Aprosoja e a defesa da produção nacional

A Aprosoja criticou a Danone e o EUDR, afirmando que as regulamentações europeias desconsideram o esforço dos produtores brasileiros para preservar o meio ambiente. A associação sublinhou que, ao contrário dos países europeus, o Brasil impõe requisitos rigorosos aos agricultores, que devem preservar de 20% a 80% de suas propriedades como áreas de conservação. A Aprosoja também argumentou que o boicote à soja brasileira ignora a importância da commodity para a economia e o desenvolvimento rural do país e destacou que o governo deveria pressionar a União Europeia a reconsiderar tais exigências.

Complexidade da sustentabilidade e o futuro do comércio global

O embate entre a Danone e o setor de soja brasileiro revela os desafios das grandes empresas em equilibrar compromissos com a sustentabilidade e o comércio internacional. Ao mesmo tempo, ele reflete a crescente pressão de reguladores e consumidores para as empresas adotarem práticas mais éticas e ambientalmente responsáveis. À medida que normas ambientais internacionais se tornam mais rígidas, as negociações bilaterais serão essenciais para garantir que os padrões não penalizem injustamente países em desenvolvimento e produtores que já trabalham conforme rigorosas regulamentações ambientais.

A decisão da Danone de continuar comprando soja do Brasil, desde que seja sustentável, sugere um caminho intermediário entre o compromisso ambiental e a necessidade de fortalecer a cadeia produtiva local.

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