Como se já não bastasse os estoques de gás natural estarem com apenas 25% da capacidade total de armazenamento, a Alemanha enfrenta também assustadores aumentos nos preços dos alimentos.
Diante uma crise energética sem precedentes, que deve causar impactos imprevisíveis na economia do país, os alimentos subiram de 20% a 50% em seus preços de compra nesta semana.
“Atualmente, somos confrontados com um grande número de aumentos de custos de matérias-primas, energia e logística, bem como aumentos de preços da indústria de alimentos e fornecedores”, explicou um porta-voz da Rewe sobre os aumentos anunciados.
A Rewe é uma rede de supermercados na Alemanha. Atrás apenas da Edeka, possui 3.300 lojas, sendo a segunda maior varejista de alimentos do país.
Ainda não está claro quantas vezes mais ocorrerão esses aumentos e quão alto eles serão.
Os dois impulsionadores de preços deste ano são, acima de tudo, os altos custos de energia de longa data e a guerra na Ucrânia.
Aumentos de dois dígitos
A Associação Comercial Alemã (HDE) alerta para aumentos de preços de dois dígitos depois que os preços subiram cerca de 5% como resultado dos preços mais altos da energia antes do início da guerra na Ucrânia.
“A segunda onda de aumentos de preços está chegando e certamente será de dois dígitos”, alertou o presidente da HDE, Josef Sanktjohanser.
De acordo os números do Departamento Federal de Estatística, os reajustem já estavam em dois dígitos em fevereiro.
Como exemplo o ovo (+16,3%), alface (+17,1%), manteiga (+20, 4%), tomate (+27,0%) e pepino (+30,3%) proporcionaram um aumento substancial.
Outras redes de varejo e mercearias da Alemanha seguem na mesma linha de aumentos nos preços.
Escassez e corrida para estoques
Nas últimas semanas, algumas pessoas reagiram a esses aumentos de preços acumulando mais alimentos.
Sempre há fotos de prateleiras vazias. Alguns supermercados já racionam farinha e óleo.
A reação da população é de muita agitação, como se não houvesse nada amanhã.
A corrida estoquista prejudica pessoas de baixa renda que não podem arcar com compras tão grandes.
Inflação na Alemanha
A Associação Alemã de Agricultores vê possíveis aumentos de preços no varejo de alimentos como um “passo necessário e lógico”.
Para a associação, é importante que o dinheiro chegue também às empresas.
O presidente da associação, Joachim Rukwied, disse que o fornecimento de alimentos foi garantido no futuro próximo por um ano. “Mas além desse horizonte de tempo, é difícil prever”.
Para março, o escritório de estatísticas divulgou recentemente uma inflação estimada em 7,3% na Alemanha.
Na zona do euro a inflação foi de 7,5%. A principal razão para isso foi o aumento extremamente forte dos preços da energia, que subiram 44,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Alimentos e bebidas ficaram 5% mais caros em março do que há um ano.