Os ministros das Relações Exteriores da Guiana e da Venezuela se reunirão na quinta-feira, 25, em Brasília.
A reunião, que acontecerá no Itamaraty, será mediada pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e pelo assessor especial do presidente Lula (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim.
O encontro tem como pauta a crise em Essequibo, um território da Guiana.
Riquezas petrolíferas
A região de Essequibo possui riquezas petrolíferas e isso gerou uma longa disputa entre os dois países.
Essa área corresponde a cerca de dois terços do território nacional da Guiana.
Em dezembro, os governos da Venezuela e da Guiana concordaram em não recorrer à força para resolver o conflito territorial.
Entretanto, a expectativa inicial é de que o encontro desta semana em Brasília sirva para alinhar uma reunião entre Maduro e Irfaan Ali.
Por que a Venezuela disputa a área com a Guiana?
A controvérsia entre os dois países sobre essa região remonta ao final do século XIX, quando ambos reivindicam sua posse.
Consequentemente, na Sentença Arbitral de Paris, de 1899, mediadores internacionais concederam soberania sobre a região de Essequibo aos britânicos, que governavam a colônia da Guiana na época.
Como resultado, é atualmente a Guiana que exerce controle efetivo sobre essa área disputada.
A Venezuela alega ter perdido o território em 1899 devido à sentença, que considera nula e sem efeito desde 1962, quando denunciou supostas irregularidades do procedimento à ONU.
Contudo, em 1966, foi assinado o Acordo de Genebra, no qual o Reino Unido admitiu a existência de uma disputa pelo território de Essequibo.
Entretanto, nesse mesmo ano, a Guiana tornou-se independente, iniciando um período de negociações diretas com a Venezuela.
Além disso, ao longo dos anos, não houve acordo sobre essa disputa, e as tensões aumentaram depois que Nicolás Maduro realizou um referendo sobre a disputa.
Como resultado, na votação, cerca de 95% dos cidadãos venezuelanos se declararam a favor da anexação da área e da criação de um estado venezuelano em Essequibo, concedendo cidadania venezuelana à sua população e incorporando esse estado ao território venezuelano.
Nota a imprensa
A seguir leia a nota a imprensa do governo brasileiro sobre a reunião da comissão conjunta Guiana-Venezuela em Brasília.
“O Palácio Itamaraty sediará, na manhã de 25 de janeiro, reunião da Comissão Conjunta de Chanceleres e Técnicos da República Cooperativa da Guiana e da República Bolivariana da Venezuela.
A instância foi estabelecida pela Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz entre Guiana e Venezuela, adotada em 14 de dezembro passado, em São Vicente e Granadinas.
Em Brasília, acompanharão o diálogo os governos do Brasil, por intermédio do Chanceler Mauro Vieira, de São Vicente e Granadinas (em exercício da presidência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos — CELAC) e de Dominica (em exercício da presidência da Comunidade do Caribe — CARICOM), que atuam como interlocutores principais no processo.
Também assistem ao encontro representantes da Secretária-Geral da CARICOM, em apoio à presidência da CARICOM, e do Secretário-Geral das Nações Unidas, na condição de observador.
O Governo brasileiro valoriza o compromisso da Guiana e da Venezuela com o processo de diálogo ora em curso, facilitado por atores e mecanismos regionais.
Ressalta ainda o espírito de integração que move os países da América Latina e do Caribe com vistas a consolidar a região como uma zona de paz, cooperação e solidariedade”.
Nota a imprensa: gov.br